
O agronegócio brasileiro tem ampliado suas fronteiras, conquistando espaço no mercado internacional, desde o abastecimento de alimentos até o fornecimento de energia. Essa foi a tônica do diálogo entre Tiago Reis, fundador do Grupo Suno, e Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, responsável pelos Fiagros SNAG11 e SNFZ11.
Os especialistas discutiram o papel do setor e as novas alternativas de financiamento disponíveis no mercado de capitais para investidores interessados em expor suas carteiras ao agronegócio.
Duarte destacou que, para quem busca exposição ao setor, há duas opções complementares: o SNAG11, voltado à geração de renda recorrente, e o SNFZ11, cuja estratégia concentra-se na valorização patrimonial por meio da reprecificação de terras agrícolas.
Ele explicou que “uma área rural, diferentemente de um metro quadrado na Faria Lima, pode aumentar sua produtividade ano após ano. Isso cria um potencial de valorização contínua e sustentável”. Assim, os investidores podem obter ganhos tanto com os rendimentos mensais quanto com a valorização da terra, no caso do SNFZ11.
Com os Fiagros atingindo recordes de cotação e ampliando sua base de investidores, Duarte afirmou que o mercado está apenas começando a explorar plenamente o potencial dessa classe de ativos.
Segundo ele, “é a democratização do agro: com pouco mais de R$ 100, já é possível ter participação em uma fazenda no Mato Grosso. É um setor vitorioso, com grande impacto social e ainda com muito espaço para crescer”, concluiu, reforçando a importância do setor na economia.
Vantagens competitivas do Fiagro
Duarte ressaltou que o Brasil possui uma vantagem competitiva significativa no cenário global, devido à sua abundância de água e sol, estabilidade climática e ausência de desastres naturais como furacões e tornados.
Além disso, o país conta com décadas de pesquisa que elevaram a produtividade agrícola, consolidando sua liderança em exportações de soja e carnes. Contudo, ele observa que há espaço para crescimento, especialmente na agregação de valor e na industrialização da produção.
O gestor destacou que o agronegócio não se limita à produção de alimentos, incluindo setores como energia, com etanol e biodiesel, além de insumos para o cotidiano, como papel, algodão e embalagens sustentáveis.
“O agro alimenta pessoas, abastece tanques e participa das soluções urbanas. É um setor que se reinventa e se expande para novas frentes”, afirmou.
No mercado de capitais, os Fiagros vêm ganhando protagonismo por oferecerem crédito de longo prazo a produtores e empresas do setor, algo que operações tradicionais de bancos ou barter dificultam.
Duarte explicou que essa característica confere aos ativos uma vantagem competitiva: “Os Fiagros não têm prazo definido para acabar, permitindo financiar projetos de irrigação, infraestrutura e maquinário que demandam prazos mais extensos para retorno.”
Ele citou exemplos de operações nos Fiagros da Suno Asset, como o CRA de 20 anos para a Boa Safra Sementes e financiamento para a Leitíssimo, produtora de leite na Bahia.
Tais investimentos promovem aumento de produtividade, geração de empregos em regiões carentes e fortalecimento da economia local, além de oferecerem segurança e retorno ao investidor.
Esta matéria faz parte da Semana da Renda Mensal, promovida pela Suno com apoio de Suno Asset, Bocaina Capital e Guardian Gestora. Grandes gestores do mercado explicam como obter renda mensal por meio de FIIs, Fiagros e FI-Infra.
Formas de investir no agronegócio
Investidores podem optar por diversas alternativas, como os Fiagros, fundos lançados em 2021 que funcionam de forma semelhante aos fundos imobiliários, mas com foco em ativos ligados à cadeia agroindustrial.
Essas versões do mercado permitem exposição ao setor com perspectiva de longo prazo e potencial de pagamento de dividendos, oferecendo uma alternativa de diversificação e renda recorrente.
Outra opção são as ações de empresas do setor, beneficiadas pela valorização do dólar, atualmente negociadas a múltiplos historicamente baixos, apesar de alguns riscos pontuais, como a recuperação judicial da AgroGalaxy.
Além disso, os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) representam uma alternativa prática e de renda fixa, pois são lastreados em dívidas do setor e isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que aumenta a rentabilidade líquida.
Por fim, os ETFs de agronegócio oferecem uma estratégia diversificada, reunindo vários ativos do setor em uma única cota, reduzindo riscos específicos de empresas.