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Ambipar derrete 50% e entra em leilão após dúvidas sobre caixa

Ambipar derrete 50% e entra em leilão após dúvidas sobre caixa
Ambipar - Foto: Reprodução/Site

As ações da Ambipar (AMBP3) despencaram mais de 50% na tarde desta sexta-feira (3), levando os papéis ao leilão e aprofundando uma crise que já soma mais de 90% de desvalorização em um mês. O gatilho mais recente foi a contestação de credores sobre o paradeiro do caixa de R$ 4,7 bilhões reportado no segundo trimestre, do qual teriam sido localizados apenas US$ 80 milhões. O episódio acendeu alertas de transparência e governança entre investidores e analistas.

Em setembro, a companhia obteve proteção judicial contra credores por até 60 dias, medida que suspende cobranças e visa permitir renegociação de dívidas ou eventual preparação para recuperação judicial. A discrepância entre o caixa divulgado e os recursos efetivamente acessíveis intensificou as dúvidas do mercado sobre a qualidade das informações financeiras e a estrutura de liquidez da empresa.

As agências de risco reagiram rapidamente. A S&P Global rebaixou a AMBP3 para D, classificação que indica default, enquanto a Fitch cortou a nota de BB- para C, com perspectiva de novos ajustes. Essas decisões refletem a deterioração acelerada do perfil de crédito e o aumento da probabilidade de eventos de inadimplência.

Na gestão, houve troca sensível: o diretor financeiro João Daniel Piran de Arruda deixou o cargo em 22 de setembro. Na mesma data, a empresa anunciou sua sétima emissão de debêntures, com potencial de captação de até R$ 3 bilhões, movimento interpretado como tentativa de reforçar a liquidez diante do estresse de curto prazo. Entre analistas, a discussão gira em torno da capacidade de rolagem de passivos e da visibilidade sobre o fluxo de caixa.

O mercado reagiu com cautela. O UBS BB suspendeu a cobertura das ações, citando fragilidades de governança e inconsistências nas demonstrações financeiras. A decisão reforça o cenário de incerteza, com redução de recomendações e cortes de preço-alvo por parte de outras casas. Para investidores, o foco imediato está na auditoria dos saldos, no detalhamento do caixa e na estratégia para credores.

Diante do quadro, as ações da Ambipar enfrentam uma combinação adversa de risco de crédito, questionamentos contábeis e perda de confiança. A normalização exigirá comunicação transparente, validação independente de números e um plano crível de reestruturação. Até lá, a volatilidade deve permanecer elevada e a visibilidade, limitada, pressionando o valor de mercado.

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