A recuperação judicial da Azul ganhou novo capítulo na última segunda-feira (15), quando as ações AZUL4 despencavam 22,64%, cotadas a R$ 0,82 por volta das 16h30. O movimento veio após a Justiça dos Estados Unidos aprovar, na sexta-feira (12), o plano de reestruturação da companhia aérea. A leitura do mercado foi negativa, especialmente quanto ao efeito na estrutura de capital e na preservação do valor para os atuais acionistas.
A desvalorização recolocou os papéis na faixa de penny stocks, abaixo de R$ 1, elevando a percepção de risco. Analistas citam que a aprovação do plano, embora positiva para reduzir o endividamento, implica um processo de desalavancagem com forte diluição. Esse quadro pressiona o curto prazo e amplia a incerteza sobre o preço justo dos ativos.
Como parte da reestruturação da Azul, a empresa obteve autorização para cortar mais de US$ 2 bilhões em dívidas e realizar uma oferta pública de ações para reforço de capital. American Airlines e United Airlines participarão com aportes, em um processo conduzido sob o Chapter 11 nos EUA. A expectativa é de maior flexibilidade financeira após a conclusão, com perfil de dívida mais alongado.
No coração do plano está a conversão de notas e debêntures em ações, junto à emissão de novos papéis com desconto. O Bradesco BBI projeta diluição superior a 80% da base atual, refletindo a entrada de novos investidores e a troca de dívida por capital. Para o investidor minoritário, a preocupação recai sobre a participação pós-oferta e o timing de recuperação do preço.
Segundo o BBI, a recuperação judicial da Azul deve ser concluída nos próximos meses, resultando em balanço mais enxuto. O banco mantém recomendação de venda e preço-alvo de R$ 0,50 por ação, citando riscos de execução e cenário competitivo. A conclusão bem-sucedida pode reduzir a alavancagem e abrir espaço para eficiência operacional.
Para o curto prazo, a volta ao patamar de penny stock pode aumentar a volatilidade, enquanto o mercado precifica a diluição e a nova estrutura. A tese passa a depender da velocidade de entrega do plano, do desempenho de demanda e da disciplina na oferta de assentos. Ao fim do processo, a recuperação judicial da Azul tende a deixar uma companhia com menor custo financeiro, porém com base acionária redesenhada.