A Ambev (ABEV3) apresentou resultados positivos no segundo trimestre de 2025, com um lucro líquido de R$ 2,79 bilhões, crescimento de 13,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar do aumento no lucro, a reação do mercado foi de forte desalento, com as ações caindo aproximadamente 5% no início do pregão desta quinta-feira, refletindo o pessimismo em relação a alguns indicadores operacionais. No fechamento, a ação recuou 5,25%, a R$ 12,46.
Este desempenho financeiro em linha com as estimativas dos analistas contrastou com sinais de fragilidade na operação, principalmente nas regiões de maior destaque, como Brasil e América Central e Caribe. A queda nos volumes de vendas nessas áreas contribuiu para a desvalorização das ações da Ambev, apesar do crescimento do lucro.
Resultados operacionais da Ambev no 2T25
No período, a companhia reportou um Ebitda ajustado de R$ 6,15 bilhões, aumento de 7,6% em relação ao mesmo trimestre de 2024, com margem de 30,6%, superior em 1,6 ponto percentual.
A receita líquida da Ambev manteve-se praticamente estável, fechando em R$ 20,09 bilhões (+0,2%), embora tenha crescido 3,4% de forma orgânica, impulsionada pelo aumento de 8,4% na receita por hectolitro (ROL/hl).
Por outro lado, o volume total de vendas caiu 4,5%, totalizando 39,57 milhões de hectolitros, influência de retrações na América do Norte e na América Central e Caribe, parcialmente compensadas pelo crescimento na América Latina Sul e no Canadá.
O lucro bruto da Ambev atingiu R$ 10,04 bilhões, um crescimento orgânico de 3,5%, enquanto o custo de produção por hectolitro aumentou 8,3%, influenciado por câmbio e aumento de custos de insumos.
Distribuição de dividendos e expectativas do mercado
A Ambev anunciou uma distribuição de dividendos intermediários de R$ 0,1283 por ação, totalizando aproximadamente R$ 2 bilhões. Essa distribuição beneficiará investidores até o dia 7 de agosto, data de negociação ex-dividendo, com pagamentos previstos para 6 de outubro de 2025.
Apesar do anúncio, o Itaú BBA destacou que o rendimento é de aproximadamente 1%, considerado modesto, e que há uma expectativa de maior clareza na política de alocação de capital da empresa.
Vale a pena investir em ABEV3?
Apesar do lucro expressivo e do pagamento de dividendos, alguns analistas permanecem cautelosos quanto às perspectivas das ações da Ambev. O BTG Pactual avalia que a margem operacional foi mantida principalmente pela redução de despesas de selling, general and administrative (SG&A), porém a baixa de volumes, especialmente na cerveja nacional, levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do desempenho. A recomendação do banco é neutra, com preço-alvo de R$ 15,00 para os próximos 12 meses.
O Itaú BBA também mantém a recomendação “market perform” (neutra), enfatizando que a frustração com vendas e custos inflacionados limitará revisões de lucro no curto prazo, mantendo o mesmo preço-alvo de R$ 15,00, considerando múltiplos de aproximadamente 14 vezes o P/E para 2025.
Investidores devem acompanhar a continuidade da recuperação de volumes e detalhes sobre a política de dividendos, fatores essenciais para a avaliação do potencial de valorização das ações da Ambev.