Recuperação judicial da Ambipar é protocolada no Brasil e nos Estados Unidos após uma crise aguda de liquidez que ganhou força com suspeitas de irregularidades financeiras envolvendo a antiga diretoria. O caso tramita na 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro e inclui outras empresas do grupo, como a Environmental ESG Participações. Nos EUA, a Ambipar Emergency Response, sediada nas Ilhas Cayman, solicitou proteção sob o Chapter 11.
O conselho da companhia aprovou a medida em caráter emergencial para assegurar a continuidade das operações, preservar contratos essenciais, manter empregos e garantir a prestação de serviços. A empresa afirma buscar tratamento equitativo aos credores e uma reorganização transparente, com foco em estabilizar o caixa e restabelecer a confiança do mercado.
As dificuldades se intensificaram após a descoberta de indícios de irregularidades em operações de swap supostamente firmadas pela antiga Diretoria Financeira. A renúncia abrupta de João de Arruda ao cargo ampliou a incerteza, levando investidores e parceiros a reavaliarem a exposição ao grupo. Credores passaram a exigir antecipação de pagamentos, elevando o risco de vencimento cruzado das dívidas.
Dívidas da Ambipar
A Ambipar declarou dívidas totais de R$ 10,481 bilhões, das quais R$ 10,439 bilhões são classificadas como quirografárias. Entre os passivos, há R$ 35,9 milhões com fornecedores e R$ 6,2 milhões em obrigações trabalhistas. Esses números reforçam a necessidade de um plano de reestruturação que priorize liquidez, proteção de ativos e renegociação coordenada com credores-chave.
Aditivos de derivativos firmados com o Deutsche Bank por ex-diretor elevaram as garantias exigidas para cerca de R$ 170 milhões. O descumprimento dessas condições poderia provocar o vencimento antecipado de uma dívida de US$ 35 milhões, agravando o estresse financeiro. A companhia contratou a FTI Consulting para conduzir uma investigação independente, enquanto autoridades apuram possíveis ilícitos em esfera criminal.
As ações AMBP3 acumulam queda superior a 95% no último mês, refletindo o choque de confiança e a volatilidade do cenário. Apesar do impacto, a direção sustenta que a recuperação judicial da Ambipar é a via adequada para preservar valor, estabilizar operações e viabilizar um redesenho sustentável do passivo, sob supervisão judicial e diálogo contínuo com credores.