O Banco do Brasil (BBAS3) se prepara para divulgar os resultados do terceiro trimestre sob forte pressão no ciclo de crédito, com destaque para a piora na qualidade da carteira. A Genial Investimentos projeta lucro líquido de R$ 3,4 bilhões, queda de 9,4% ante o trimestre anterior e retração de 64% na comparação anual, refletindo o avanço das provisões e o cenário desafiador no agronegócio.
O retorno sobre patrimônio (ROE) estimado é de 7,4%, nível abaixo do custo de capital, sugerindo rentabilidade comprimida e menor capacidade de geração de valor no curto prazo. Esse quadro reforça uma leitura mais cautelosa para os próximos trimestres.
Entre os principais vetores de deterioração, analistas citam a inadimplência no agronegócio, o aumento das provisões decorrente da Resolução 4.966 do Banco Central e a restrição no reconhecimento de receitas de juros em operações com atraso superior a 90 dias. A equipe de análise da Genial avalia que, embora a margem financeira mostre recuperação, ela não teria sido suficiente para contrabalançar o salto no custo de crédito.
Nos financiamentos rurais, o impacto é expressivo: entre abril e setembro de 2025, vencem cerca de R$ 111,6 bilhões em operações de custeio, concentradas em soja e milho. Essas culturas enfrentam preços deprimidos e eventos climáticos adversos, elevando a inadimplência. A Genial projeta PDD de R$ 16,3 bilhões no 3T25, alta anual de 61,7%, com contágio para pessoa física e PMEs. A pressão setorial amplia a necessidade de cobertura de risco e limita a expansão do crédito.
MP 1.314 oferece alívio temporário ao Banco do Brasil
A MP 1.314 permite renegociação de dívidas rurais e melhora o capital regulatório, funcionando como amortecedor de curto prazo. O programa prevê até R$ 12 bilhões via BNDES, além de recursos próprios do banco, favorecendo liquidez e gestão de riscos. Com originação de R$ 10 bilhões em funding próprio, o BB manteria o CET1 próximo a 11%, mitigando efeitos regulatórios e preservando flexibilidade para atravessar o ciclo.
Para 2025, a Genial revisou o lucro anual para R$ 21,2 bilhões, queda de 44% ante 2024, com ROE projetado de 11,1%. O Banco do Brasil negocia a P/VP de 0,63x e P/L de 5,6x, múltiplos vistos como atrativos. A recomendação permanece “manter”, com preço-alvo de R$ 22,80, enquanto investidores monitoram a evolução da inadimplência e da margem financeira.