
O Boletim Focus desta segunda-feira (22) manteve as projeções de estabilidade para a taxa Selic em 15% até o final de 2025, alinhado à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve os juros nesse patamar na semana passada.
A expectativa de uma redução da Selic já nesta reunião foi descartada pelo mercado, embora haja previsões de que eventuais cortes possam começar em 2026. O tom mais duro adotado pelo Copom reforçou a postura de política monetária restritiva, diante das preocupações inflacionárias.
Segundo o Banco Central, a manutenção dos juros elevados é considerada fundamental para reverter as expectativas inflacionárias desancoradas e alcançar a meta de inflação.
Em comunicado, a autoridade monetária afirmou que “para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. Diante disso, o Banco Central sinaliza que a redução da taxa Selic deverá ocorrer somente em 2026.
Projeções para a Selic e o IPCA em 2026 e 2027
De acordo com o Boletim Focus, a projeção do IPCA para 2026 foi revisada de 4,30% para 4,29%. Já a expectativa para a Selic em 2026 caiu de 12,38% para 12,25%. Para os anos seguintes, as previsões permanecem inalteradas: 10,50% em 2027 e 10% em 2028, pelo 39º boletim consecutivo.
O BTG Pactual estima que a taxa Selic deve permanecer em 15% até o final de 2025, indicando que os cortes só devem ocorrer a partir de janeiro de 2026.
O banco aponta que uma redução antecipada ainda neste ano é pouco provável, dada a resiliência do mercado de trabalho e a inflação acima do esperado. Para que essa baixa seja considerada em dezembro, seriam necessários fatores como desaceleração mais convincente do emprego, surpresas de baixa no IPCA ou avanços na reancoragem das expectativas de inflação.
Perspectivas de curto e médio prazo para juros e inflação
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, defende que as projeções do Focus indicam estabilidade a curto prazo, com inflação prevista em 4,83% para 2025 e redução para 4,29% em 2026. Segundo ele, o cenário atual exige cautela, mas abre possibilidades mais favoráveis a partir de 2026.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, reforça que a revisão das projeções confirma a confiança na trajetória de desinflação, sugerindo que, com expectativas bem ancoradas, os cortes na taxa Selic podem ser iniciados em 2026.