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Copom eleva Selic para 14,75% ao ano, maior nível nominal desde 2006

Copom eleva Selic para 14,75% ao ano, maior nível nominal desde 2006

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (7), elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano. O patamar é o mais alto em termos nominais desde julho de 2006, refletindo uma estratégia de combate à inflação ainda persistente no país.

Essa foi a sexta alta consecutiva da Selic, embora em ritmo menor do que os três aumentos anteriores, de 1 ponto percentual cada. Em comunicado divulgado após o fechamento dos mercados, o BC afirmou que a decisão busca garantir a convergência da inflação em direção à meta de 3% ao longo do horizonte relevante de política monetária.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, informou o Copom, que decidiu de forma unânime entre os nove membros do colegiado — decisão amplamente antecipada pelos analistas de mercado.

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Copom cita cenário externo adverso e incertezas tarifárias

O comunicado destaca um ambiente externo desafiador, marcado por incertezas quanto à condução da política econômica dos Estados Unidos. A principal fonte de instabilidade citada foi a revisão das tarifas de importação promovida pelo presidente Donald Trump, vista como um movimento protecionista com potenciais efeitos recessivos e inflacionários globais.

“A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, especialmente no que se refere à magnitude da desaceleração econômica e aos impactos assimétricos nos índices de preços ao redor do mundo”, pontua o texto.

No cenário doméstico, o BC avaliou que a atividade econômica e o mercado de trabalho seguem resilientes, apesar de sinais iniciais de moderação. Os índices de inflação continuam acima da meta, o que justifica, segundo o Copom, a continuidade de uma política monetária restritiva.

Sobre os próximos passos, o comitê preferiu não se comprometer com novos aumentos da taxa. “O estágio avançado do ciclo de aperto monetário, somado ao elevado grau de incerteza, exige cautela adicional e flexibilidade na condução da política monetária”, conclui o documento.

Mercado reage à decisão do Copom

Para Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, o consenso entre os membros do Copom foi um sinal positivo, especialmente diante das incertezas globais. Ele destacou a inclusão das tarifas comerciais e da queda nos preços das commodities como elementos novos no balanço de riscos da autoridade monetária. “O tom foi realista, atento aos sinais de desaceleração global e seus impactos desinflacionários”, afirma. Bolzan projeta uma alta final de 0,25 ponto percentual na reunião de junho, com a Selic encerrando o ciclo em 15% ao ano.

A gestora Manatí também acredita na manutenção da política restritiva por mais tempo. “Sem sinais consistentes de desaceleração econômica ou alívio inflacionário, o BC deve seguir firme em sua missão de controlar os preços”, afirmou em nota.

Já para Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, o tom do comunicado foi mais brando do que o esperado. “O Copom reconhece um ambiente de inflação sob controle, o que abre espaço para manter os juros estáveis nas próximas duas reuniões”, projeta.

Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, chamou atenção para a mudança no balanço de riscos. “O comitê deixou de sinalizar uma assimetria altista e passou a considerar fatores de risco tanto de alta quanto de baixa, com intensidade semelhante”, observa.

Por fim, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, alertou para o impacto do juro alto sobre a atividade econômica. “Com o crédito mais caro, o consumo e os investimentos tendem a cair, o que deve desacelerar o crescimento do PIB nos próximos trimestres”, conclui.

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