
Depois de oito sessões seguidas em baixa, o dólar voltou a subir nesta quarta-feira (30), encerrando o mês cotado a R$ 5,6766 — alta de 0,82% no dia. Ainda assim, a moeda americana acumulou queda de 0,20% na semana e de 0,50% em abril. No acumulado de 2025, o recuo frente ao real é de 8,15%.
O movimento desta quarta refletiu principalmente um ajuste técnico após a sequência de quedas recentes, além de maior aversão ao risco global diante de dados econômicos abaixo do esperado nos Estados Unidos e na China.
PIB e dados de emprego reforçam apostas em corte de juros nos EUA
A leitura preliminar do PIB dos EUA no primeiro trimestre apontou retração anualizada de 0,3%, pressionada pela alta das importações — antecipadas por famílias e empresas para escapar das tarifas do governo Trump — e por cortes nos gastos públicos. Já o relatório ADP mostrou criação de apenas 62 mil vagas no setor privado em abril, bem abaixo da estimativa de 134 mil.
Segundo analistas, esses dados reforçam os sinais de desaceleração da economia americana e alimentam a expectativa de que o Federal Reserve inicie um ciclo de cortes de juros. O monitoramento do CME Group já indica crescente probabilidade de um corte acumulado de até 1 ponto percentual na taxa básica até o fim do ano.
Em nova declaração nesta quarta, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a China enfrenta “tremendas dificuldades econômicas” e disse acreditar na possibilidade de um acordo comercial “justo”. Questionado sobre conversas com o presidente Xi Jinping, respondeu: “Vai acontecer”.
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Tarifas: cenário segue incerto, mas aposta é de recuo parcial
Na avaliação de Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, o cenário mais provável é que as tarifas americanas sobre a China recuem dos atuais 145% para uma faixa entre 50% e 60%. Mesmo nesse patamar, ele destaca, os impactos sobre a economia global seguirão relevantes, favorecendo uma postura mais flexível do Fed.
Costa também lembra que o dólar deve continuar oscilando diante de fatores como o enfraquecimento do índice DXY — que mede o desempenho da divisa frente a uma cesta de moedas fortes — e da pauta doméstica brasileira, que deve ganhar força no segundo semestre com discussões como a isenção do Imposto de Renda e o orçamento de 2026.
Commodities pressionam emergentes; real sente movimento técnico
O enfraquecimento das commodities, após dados decepcionantes do PMI industrial da China em abril, afetou diretamente as moedas de países exportadores. O peso colombiano liderou as perdas entre emergentes latino-americanos, seguido pelo real.
Costa ressalta que o movimento de apreciação do real ao longo de abril esteve ligado à rotação global de capitais — com saída de recursos dos EUA rumo a mercados alternativos. Já a alta desta quarta refletiu fatores externos, como o recuo das commodities e o clima de cautela com os dados econômicos americanos.
Do lado técnico, também pesaram elementos típicos de fim de mês, como a formação da taxa Ptax e a rolagem de contratos futuros, que podem ter limitado o desempenho do real.
O índice DXY, termômetro do dólar frente a outras seis moedas relevantes, avançava 0,30% no fim da tarde, em torno dos 99,600 pontos, após atingir a máxima de 99,648.