As ações da Engie (EGIE3) vêm apresentando uma queda relevante no mês de julho, após um período de valorização significativa. Na sexta-feira (11), os papéis negociados na B3 estavam cotados na faixa de R$ 41, uma forte redução em relação aos R$ 48 registrados no início do mês. Apesar do recuo, a companhia mantém perspectivas operacionais positivas, o que tem gerado dúvidas entre investidores sobre a intensidade da correção.
Segundo Bernardo Viero, analista CNPI da Suno, essa retração é uma correção natural após a expressiva alta acumulada recentemente. Ele explica que, após um movimento de valorização superior a 20% em curto prazo, a retração seria uma resposta normal do mercado, sem indicar uma reversão de tendência. A volatilidade, segundo o especialista, é característica do setor elétrico, onde movimentos de alta e baixa se alternam com frequência.
Por que as ações da Engie estão em queda?
A trajetória recente de EGIE3 estava impulsionada por expectativas de oferta pública de aquisição (OPA), movimentos de short squeeze e interesse estrangeiro no setor elétrico. Esses fatores motivaram uma rápida valorização, levando as ações a subirem mais de 20% em um espaço curto de tempo. No entanto, essa fase de ganhos rápidos foi seguida por uma correção, que o analista explica como um movimento de mercado esperado e saudável.
Ele reforça que essa retração não deve ser interpretada como mudança de tendência. “Nada sobe eternamente. A volatilidade é a pauta de setores com alta dinâmica, como o elétrico,” afirma Viero. Do ponto de vista operacional, a Companhia Energética de Portugal, que controla a Engie, continua com seu plano de expansão na geração e transmissão de energia, com investimentos estratégicos em ativos como Serra do Assuruá e Sussol, além da aquisição de hidrelétricas Jari e Cachoeira Caldeirão, que somam quase 1 GW de capacidade.
Além do crescimento orgânico, a recuperação dos preços da energia também é um fator de suporte para os resultados da Engie. Os preços, que estiveram próximos de R$ 80 por MWh, atualmente estão em torno de R$ 190, oferecendo maior potencial de receita conforme contratos mais antigos expirarem e forem substituídos por valores mais elevados, o que deve favorecer os resultados futuros.
Perspectiva de dividendos e potencial de crescimento
Os dividendos da EGIE3 continuam sendo atrativos para os investidores que buscam renda, devido ao histórico de distribuição consistente de lucros. Segundo Viero, a expectativa é de manutenção desse padrão, com um payout de aproximadamente 55%, o que deve garantir um dividend yield em torno de 5%. Caso a companhia retome uma política de distribuição de 100% do lucro líquido ajustado, o yield poderia chegar a cerca de 9,5% no cenário atual de preços.
Embora o impacto direto dos novos ativos só deva se consolidar em 2026, o potencial de crescimento nos dividendos ao longo dessa periodização mantém-se relevante. A Engie tende a oferecer uma distribuição de lucros sustentável e com potencial de expansão, concluindo Viero.