A Cartesia, gestora do fundo imobiliário CACR11, convocou uma assembleia geral extraordinária (AGE) para votar a substituição do administrador Daycoval pelo BRL Trust.
A votação online está aberta até 24 de novembro, às 15h, e mobiliza os cotistas em meio a um impasse que afeta diretamente o valor das cotas e a percepção de risco do portfólio.
Em 19 de setembro, o Daycoval promoveu a remarcação de quatro CRIs ligados a projetos no litoral baiano, reduzindo seus valores de R$ 247,3 milhões para R$ 186,6 milhões — queda de 24,53%. Segundo o administrador, a decisão refletiu a “deterioração da qualidade de crédito dos CRIs” diante de alterações nas garantias e reorganizações societárias. A Cartesia, por sua vez, argumenta que a reorganização foi “extremamente positiva” e conduzida ao longo de oito meses.
O impacto foi imediato no patrimônio do fundo imobiliário. O PL recuou de R$ 453 milhões (R$ 93,67 por cota) em 29 de agosto para R$ 370,3 milhões (R$ 76,58 por cota) em 30 de setembro, queda de 18,24%.
No mesmo período, a cota atingiu a mínima histórica de R$ 62,78 em 9 de setembro, evidenciando a sensibilidade do mercado às mudanças nos parâmetros de avaliação.
Para embasar sua posição, a gestora contratou avaliações independentes. A Binswanger estimou os terrenos garantidores em R$ 271,7 milhões, com VGV total de R$ 1,2 bilhão.
Esses laudos foram enviados ao Daycoval, que manteve a remarcação. A divergência técnica acirrou o debate sobre critérios de precificação e governança na indústria de FIIs, colocando a troca de administrador no centro da estratégia para restaurar confiança.
Resultados operacionais seguiram seu curso: em 31 de outubro, o CACR11 distribuiu R$ 1,32 por cota, equivalente a um dividend yield de 1,71%, com pagamento em 14 de novembro. Para a Cartesia, a continuidade dos rendimentos reforça a resiliência do portfólio, mesmo em meio à controvérsia.
Entenda o que está em jogo no fundo imobiliário CACR11
A decisão dos cotistas pode redefinir a gestão de risco, a política de marcação dos ativos e o relacionamento com os devedores dos CRIs.
Enquanto o Daycoval sustenta postura conservadora diante de mudanças nas garantias, a Cartesia defende que as melhorias operacionais e os novos laudos suportam avaliações superiores.
O desfecho da AGE tende a influenciar a trajetória das cotas e o apetite do mercado por exposição a projetos no litoral baiano, testando a governança e a transparência do veículo.
