A inteligência artificial deixou de ser promessa e tornou-se alavanca concreta no mercado imobiliário brasileiro, que vive novo ciclo de expansão. No segundo trimestre de 2025, os lançamentos cresceram 11,4% e as vendas 7,4%, criando terreno fértil para tecnologias que reduzam custos e aumentem a velocidade operacional. Hoje, 19% das imobiliárias já incorporam IA, sobretudo na triagem de leads e no atendimento automatizado, sinalizando uma virada estrutural no setor.
Com a aceleração do mercado, a pressão por eficiência cresceu. Dados da ABRAINC/FIPE indicam alta acumulada de 31,9% no ano, ampliando o volume de tarefas em estruturas intensivas em mão de obra. Esse cenário impulsiona ferramentas que qualificam contatos, automatizam respostas e organizam fluxos, liberando times comerciais para atividades de maior valor. A adoção inteligente da tecnologia passa a ser diferencial competitivo claro.
Thomaz Guz, cofundador e CEO da Lugui, observa que a inteligência artificial avançou do campo do atendimento para funções estratégicas. “A IA atravessa a fronteira do atendimento e ocupa uma camada estratégica das operações”, afirma. Ao conectar sistemas de CRM, dados de comportamento e regras de negócio, as plataformas conseguem orquestrar rotinas críticas e padronizar processos em escala, mantendo qualidade e velocidade.
Os resultados práticos começam a aparecer com nitidez. A Lugui reporta redução do tempo de corretores em tarefas repetitivas de 50% para 5%-10%, transformando atividades que levavam horas em minutos. A queda no retrabalho e a priorização inteligente de leads elevam a produtividade por profissional e diminuem o custo de aquisição de clientes, sustentando crescimento com margens sob controle.
A base do consumidor também está mais madura. Segundo pesquisa da EY, 92% dos brasileiros utilizaram IA conscientemente nos últimos seis meses, o que reduz fricções na jornada e aumenta a aceitação de assistentes virtuais, recomendações personalizadas e atendimento 24/7. Isso abre espaço para experiências consistentes e escaláveis.
Para investidores, a adoção de inteligência artificial no imobiliário é estrutural, não incremental. Empresas eficientes absorvem a expansão com disciplina de custos, enquanto modelos tradicionais enfrentam pressão operacional. Até 2026, a tendência é a consolidação de agentes de IA especializados por segmento, criando assimetrias claras entre companhias que escalam com eficiência e aquelas presas a estruturas rígidas.