Sempre que a Berkshire Hathaway (BRK.A; BRK.B), liderada por Warren Buffett, divulga seus movimentos de portfólio, o mercado fica em alerta. Os investidores querem saber quais ações o megainvestidor está comprando ou vendendo — afinal, é comum que papéis adquiridos pela Berkshire subam de valor, enquanto os vendidos sofram pressão negativa.
O ano passado foi relativamente tranquilo para a companhia, sem grandes aquisições. Ainda assim, algumas decisões recentes oferecem pistas valiosas sobre a visão de Buffett para os mercados. Veja três lições importantes que se destacam nas movimentações mais recentes da Berkshire Hathaway:
1. Buffett reduziu sua exposição a bancos
Um dos movimentos mais relevantes foi a redução das posições em ações do setor bancário. No início de 2024, a Berkshire diminuiu suas participações no Bank of America, Citigroup, Capital One e Nu Holdings.
Esse tipo de ativo sempre foi uma presença constante na carteira da empresa, o que torna essas vendas ainda mais notáveis. No último trimestre de 2024, essas foram as principais alienações realizadas por Buffett.
Embora isso possa sugerir uma preocupação com o cenário econômico, Buffett costuma afirmar que não toma decisões com base em previsões macroeconômicas. Ainda assim, vale destacar que o Bank of America segue como a quarta maior posição da Berkshire, respondendo por cerca de 10% do portfólio. O motivo exato das vendas não foi divulgado, mas o volume sinaliza cautela.
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2. Aposta contínua em marcas de consumo
Apesar da saída de alguns bancos, Buffett manteve sua estratégia de longo prazo de investir em empresas de bens de consumo. Nos últimos meses, a Berkshire adicionou ações da Constellation Brands e da Domino’s Pizza — ambas companhias com marcas reconhecidas pelo grande público.
Essas novas posições seguem a lógica de Buffett de buscar negócios com “moats” (vantagens competitivas duradouras), como já demonstrado com outras grandes participações da Berkshire, incluindo Apple, Coca-Cola e Kraft Heinz, todas entre as dez principais da carteira.
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3. Estratégia geral segue conservadora
Nos últimos trimestres, a Berkshire comprou menos e vendeu mais — o que resultou em um caixa recorde. A participação da Apple, por exemplo, foi bastante reduzida: antes representava cerca de metade da carteira; agora, responde por aproximadamente 23%.
Já os investimentos na Constellation Brands e na Domino’s ainda têm peso pequeno, com cerca de 0,4% da carteira cada. Embora simbolizem movimentações relevantes, esses papéis ainda não têm impacto significativo no desempenho geral da empresa.
Essa postura mais conservadora pode estar ligada ao elevado nível de preços no mercado e à falta de oportunidades atrativas. No entanto, esse cenário pode mudar caso a recente instabilidade traga boas chances de compra.
O que os investidores podem aprender com isso?
Buffett é uma fonte constante de ensinamentos — mas é importante lembrar que seu estilo e seus objetivos de investimento podem ser bem diferentes dos seus. Ele opera com horizontes muito longos, quantias bilionárias e profundo conhecimento de cada empresa em que investe.
Por isso, em vez de tentar copiar seus movimentos, o ideal é adotar seus princípios: foco em qualidade, paciência e disciplina. Procurar empresas sólidas, com boas margens, governança confiável e preço atrativo tende a gerar bons resultados no longo prazo.
E mesmo com toda a volatilidade atual, Buffett segue investido — como faz há décadas. Ele comprou suas primeiras ações ainda durante a Segunda Guerra Mundial. O recado é simples: o curto prazo pode ser turbulento, mas quem tem visão de longo prazo pode atravessar qualquer tempestade.