A volatilidade do petróleo trouxe de volta os holofotes para a execução operacional das petroleiras brasileiras. Os resultados do 3T25 de PRIO3, PETR4, BRAV3 e RECV3 expuseram assimetrias relevantes em produção, geração de caixa e perspectivas de investimento, reforçando a necessidade de análise caso a caso. Entre os destaques, Petrobras surpreendeu positivamente, enquanto PetroReconcavo gerou maior cautela.
PETR4 entregou performance considerada a melhor do trimestre por analistas, com produção recorde, eficiência crescente nos FPSOs e forte conversão em caixa. O FPSO Almirante Tamandaré opera acima da capacidade projetada sem necessidade de aumento de capex, elevando a confiança no ramp-up dos novos sistemas. A revisão do Plano Estratégico 2026-2031, esperada para novembro, pode elevar a trajetória de produção e investimentos, mantendo o valuation descontado frente aos fundamentos.
A PRIO manteve a tese de ganhos operacionais apesar de eventos não recorrentes. O ramp-up dos ativos segue dentro do planejado, com Wahoo previsto para 2026. A aquisição em Peregrino deve gerar US$ 250 milhões anuais em sinergias de custos, fortalecendo margens e diluindo despesas. A disciplina de capital permanece como pilar, com foco em retorno por ação e alocação seletiva.
Entre as independentes, a Brava reportou novo recorde produtivo e queda de lifting cost, mas o fluxo de caixa segue apertado. Os investimentos devem ganhar tração em 2026, com geração de valor materializada apenas no fim de 2026 e início de 2027, exigindo paciência do mercado e execução sem desvios.
Já a Petrobras sustenta a liderança setorial com ativos de alta produtividade no pré-sal, ganhos de eficiência e pipeline de projetos que pode ser reforçado no próximo plano estratégico. A combinação de geração de caixa robusta e alavancagem controlada mantém a companhia em posição privilegiada para atravessar a volatilidade do Brent.
A Brava enfrenta o desafio de financiar a expansão com caixa limitado, o que aumenta a importância de cronogramas e disciplina de capex. Qualquer atraso pode postergar a captura de valor e pressionar métricas de retorno no curto prazo.
A PetroReconcavo encara o quadro mais sensível. A produção ficou abaixo do esperado e a depleção dos reservatórios se acelerou. A certificação de reservas do 1T26 será decisiva para recalibrar premissas de volume e vida útil dos campos, condicionando o apetite por risco na tese. Em meio ao cenário, as petroleiras com melhor eficiência, portfólio resiliente e pipeline claro tendem a preservar prêmio de qualidade.
