VALE3 pode estar entrando em um novo ciclo de confiança, segundo relatório do BTG Pactual divulgado às vésperas do Vale Day. Para os analistas, a mineradora atravessa um possível ponto de inflexão, amparada por fundamentos mais sólidos do minério de ferro e redução consistente de riscos operacionais. A leitura do banco sugere que o mercado começa a reprecificar a companhia após anos de volatilidade e incerteza.
Nos últimos anos, a Vale enfrentou desafios institucionais relevantes, como Brumadinho, Samarco e instabilidades operacionais. Agora, a percepção dos investidores mudou de forma substancial. A empresa combina fundamentos resilientes, disciplina financeira e melhorias nas áreas antes problemáticas, o que fortalece a visibilidade de resultados e diminui a probabilidade de surpresas negativas.
Além disso, a conjuntura atual do minério de ferro é favorável, reforçada pela sazonalidade positiva do fim de ano. Mesmo após a recente valorização, VALE3 segue negociando com desconto em relação às mineradoras australianas. A ação é precificada a cerca de 4 vezes EV/EBITDA, frente aos 5 a 6 vezes de pares globais, abrindo espaço para compressão de múltiplos à medida que os riscos diminuem e a execução melhora.
O BTG utiliza o modelo BRAVE para avaliar a relação risco-retorno da companhia. Trata-se de uma abordagem simplificada que testa cenários por meio de variáveis como preço do minério, volumes e múltiplos de mercado, oferecendo agilidade sem perder o foco nos principais motores de valor. Mesmo conservador, o framework indica geração de caixa robusta e resiliência operacional.
As estimativas do banco apontam fluxo de caixa livre estruturalmente superior ao dos rivais e potencial de dividendos entre 10% e 11% em 2026 no cenário-base. Essa perspectiva é suportada por uma combinação de margens saudáveis, capex disciplinado e alavancagem controlada, fatores que sustentam uma política de distribuição consistente ao acionista ao longo do ciclo.
Importante notar que o BRAVE não incorpora potenciais catalisadores adicionais, como recuperação da divisão de Metais Básicos, ganhos comerciais no minério e novos projetos. Para a corretora, esses vetores funcionam como opções não precificadas, capazes de destravar valor incremental se materializados. Diante desse conjunto, VALE3 permanece atraente para investidores focados em assimetria entre preço e risco.